Insónia: a Dança entre Corpo, Mente e Sono

03-04-2025

Já reparou como, algumas noites, o sono parece fugir-lhe como areia entre os dedos? Por vezes, são os pensamentos que correm a mil à hora, noutras ocasiões, é apenas a frustração de ver as horas passarem sem conseguir fechar os olhos. Mas já se perguntou por que razão isso acontece? A resposta pode estar no modo como lidamos com o sono e com as nossas próprias expectativas sobre dormir.

Imagine o seu sono como uma dança delicada entre a vontade de dormir, um ritmo diário consistente e uma mente tranquila. Quando um destes elementos falha, a dança fica desequilibrada e surge a insónia. O modelo teórico de Spielman dá-nos pistas essenciais para perceber como chegamos a esta situação e, mais importante ainda, como podemos sair dela.


Cada pessoa é diferente, mas alguns têm uma maior predisposição para dificuldades no sono – talvez por uma sensibilidade biológica, talvez por traços de personalidade que amplificam os efeitos do stress. A isto chamamos fatores predisponentes. Contudo, geralmente é necessário algo mais – um acontecimento que abale a rotina e desperte o problema – o evento precipitante. Já lhe aconteceu, certamente, numa noite antes de um exame importante, numa altura de mudanças, ou depois de um evento difícil na sua vida.

O curioso, e aqui talvez se reconheça, é que a insónia começa como algo pontual mas acaba por persistir devido aos nossos próprios hábitos e pensamentos. São os chamados mecanismos perpetuadores, e é aqui que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ajudar de forma decisiva. Não é fascinante perceber que o nosso cérebro e os nossos comportamentos têm tanto poder?

Talvez já tenha dado por si a ruminar sobre o impacto que uma noite mal dormida terá no dia seguinte, ou a tentar dormir desesperadamente, ficando mais desperto precisamente por essa tentativa. Estes comportamentos e pensamentos, embora naturais, podem tornar-se grandes obstáculos. Dormir uma sesta demasiado longa, ficar na cama demasiado tempo à espera que o sono venha, ou criar uma associação negativa entre a cama e a frustração da insónia são exemplos perfeitos de como, inadvertidamente, perpetuamos o problema.

É precisamente aqui que entra a abordagem da TCC, ajudando-o a identificar estes padrões e a substituí-los por hábitos mais saudáveis e pensamentos mais construtivos. Afinal, o objetivo é simples, mas poderoso: restabelecer uma relação saudável e natural com o sono.

Assim, da próxima vez que estiver às voltas na cama, pense nesta dança delicada. Reconheça os seus padrões, entenda o que poderá estar a perpetuar a dificuldade e dê um passo rumo a um sono melhor. Porque compreender o sono é compreender-se a si mesmo. E este é um investimento que vale sempre a pena fazer.

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