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Esquema de Abandono/Instabilidade

17-08-2025

Apresentação típica do esquema

As pessoas que vivem com o esquema de abandono/instabilidade têm uma expectativa constante de que vão perder aqueles que lhes são mais próximos. Acreditam que essas pessoas podem abandoná-las, adoecer, morrer, trocar-lhes por outros, comportar-se de forma imprevisível ou desaparecer subitamente.

Assim, vivem num estado de medo constante, sempre atentos a qualquer sinal que lhes indique que alguém pode sair das suas vidas.

As emoções associadas são frequentemente ansiedade crónica relacionada com a perda, tristeza e depressão quando enfrentam uma perda real ou percebida, e raiva dirigida a quem as deixou. Em casos mais graves, estas emoções podem transformar-se em terror, luto profundo e raiva intensa. Algumas pessoas sentem-se incomodadas mesmo quando aqueles de quem gostam se ausentam por curtos períodos.

Nos comportamentos típicos deste esquema destacam-se o apego excessivo a pessoas próximas, possessividade, necessidade de controlo, acusações de abandono, ciúmes e até competição com rivais – tudo para evitar a ausência da outra pessoa. Alguns evitam relacionamentos íntimos para fugir à dor que antecipam da perda (quando questionado sobre por que não conseguia assumir um compromisso com a mulher que amava, um paciente respondeu: "E se ela morrer?").

De modo irónico, estas pessoas tendem a escolher parceiros instáveis, não disponíveis ou descomprometidos, que têm maior probabilidade de as abandonar. A relação é geralmente intensa e marcada por um amor obsessivo.

Este esquema relaciona-se muitas vezes com outros, como o da subjugação (quando a pessoa acredita que deve fazer tudo o que o outro quer para não ser deixada), o da dependência/incompetência (a crença de que, se o outro partir, não conseguirá viver sozinha) e o da defectividade (a ideia de que tem defeitos que vão levar os outros a abandoná-la).

Objetivos do tratamento

O principal objetivo do tratamento é ajudar a pessoa a desenvolver uma visão mais realista sobre a estabilidade dos seus relacionamentos. Pessoas que superam este esquema deixam de viver permanentemente preocupadas com a possibilidade de serem abandonadas.

Aprendem a interiorizar pessoas importantes como "objetos estáveis" na sua vida, interpretando menos ou evitando interpretações erradas de comportamentos como sinais de abandono.

Além disso, os esquemas associados – subjugação, dependência e defectividade – tendem a diminuir, fazendo com que o medo do abandono deixe de ser tão assustador. Sentem-se mais seguras, deixando de necessitar de apego excessivo, controlo ou manipulação. Tornam-se menos raivosas, escolhem parceiros estáveis e deixam de evitar relações íntimas.

Outro sinal de progresso é a capacidade de estar sozinha por períodos prolongados sem ansiedade, depressão ou a necessidade urgente de companhia.

Principais estratégias do tratamento

Quanto mais grave o esquema, mais importante é a relação terapêutica para a sua superação. Em particular, pessoas com transtorno da personalidade borderline têm o abandono como um esquema central, e a relação com o terapeuta funciona como uma base estável, uma "figura parental transitória" que lhes permite aventurar-se e estabelecer outros vínculos estáveis.

O paciente aprende primeiro a superar o esquema dentro da relação terapêutica e, depois, aplica essa aprendizagem noutras relações importantes fora da terapia. Através de uma "reparação parental limitada", o terapeuta oferece estabilidade e o paciente aprende a aceitar essa figura como um objecto estável.

O trabalho com os modos emocionais é muito útil. Por meio de confrontação empática, o terapeuta ajuda a corrigir as percepções distorcidas de que será abandonado, ajudando o paciente a aceitar ausências temporárias (como viagens ou férias) sem reagir de forma exagerada.

O terapeuta também apoia o paciente a encontrar outras relações estáveis que possam substituir o papel do terapeuta como figura segura.

As estratégias cognitivas focam-se em alterar as visões exageradas de que as pessoas importantes irão sempre abandoná-lo, morrer ou agir de forma imprevisível. Os pacientes aprendem a não interpretar separações temporárias como catástrofes e a aceitar que os outros têm o direito de estabelecer limites e espaços próprios.

Estas estratégias também abordam as crenças ligadas a outros esquemas, como a necessidade de agradar para evitar o abandono, a sensação de incompetência ou o medo de serem considerados defeituosos.

Nas estratégias vivenciais, o paciente revive imagens mentais de experiências de abandono ou instabilidade da infância, envolvendo memórias do pai, da mãe ou de outros que o abandonou ou foi instável. O terapeuta integra-se nessa imagem como uma figura estável, ajudando o paciente a expressar raiva saudável e a confortar a criança interior abandonada. Progressivamente, o paciente aprende a cuidar do seu próprio "adulto saudável" nestas imagens.

No plano comportamental, trabalha-se a escolha de parceiros comprometidos e a redução de comportamentos ciumentos, controladores e possessivos. Aprendem também a tolerar a solidão sem ansiedade ou depressão e a afastar-se rapidamente de relações instáveis, preferindo vínculos mais estáveis. Com o tempo, curam os esquemas relacionados, desenvolvendo maior autonomia e autoaceitação.

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