Compreender o meu pânico: Porque acontece e como funciona?
Os ataques de pânico podem parecer imprevisíveis e assustadores, mas muitas vezes seguem um padrão reconhecível. Compreender esse ciclo pode ser um passo importante para recuperar o controlo sobre o que está a sentir.
Cada pessoa experiencia o pânico de forma única, mas existe uma sequência de eventos que é comum a muitas experiências de pânico. Abaixo explicamos esse ciclo, etapa a etapa.
🔄 O Ciclo do Pânico
1. Desencadeador (interno ou externo)
O pânico pode começar com algo no ambiente externo (como um local cheio de pessoas ou um som inesperado) ou interno (como uma lembrança, pensamento ou sensação física). Às vezes, o desencadeador é tão subtil que nem se dá por ele no momento.
2. Perceção de ameaça
O cérebro interpreta o desencadeador como um perigo. Mesmo que não seja uma ameaça real, o corpo reage como se fosse.
3. Reação emocional: ansiedade
Esta perceção de perigo ativa uma resposta emocional intensa — a ansiedade. Começa o desconforto, o nervosismo, o medo.
4. Sintomas físicos e mentais de ansiedade
A ansiedade é acompanhada por sintomas físicos (como taquicardia, tonturas, falta de ar) e/ou sintomas mentais (pensamentos acelerados, confusão, medo de perder o controlo).
5. Má interpretação dos sintomas
Estes sintomas são frequentemente mal interpretados como sinais de que algo de grave está a acontecer: "Vou desmaiar", "Estou a ter um ataque cardíaco", "Vou enlouquecer". Esta interpretação catastrófica intensifica a ansiedade.
6. Estabelecimento de um ciclo vicioso
Quanto mais ansioso se sente, mais intensos se tornam os sintomas. Quanto mais intensos os sintomas, mais assustadoras são as interpretações. E assim, o ciclo continua:
Ansiedade → Sintomas físicos/mentais → Interpretação catastrófica → Mais ansiedade.
7. Comportamentos de segurança
Para tentar sentir-se melhor, é comum recorrer a comportamentos de segurança: sair rapidamente do local, sentar-se, evitar certas situações, procurar constantemente distrações ou focar-se em sinais corporais.
8. Consequências indesejadas
Embora esses comportamentos possam trazer alívio temporário, muitas vezes impedem que a pessoa descubra que os sintomas não são tão perigosos como parecem. Assim, o medo permanece.
9. Atenção seletiva e aumento da ansiedade
Ao estar excessivamente atento/a ao corpo e aos sinais de pânico, acaba por reforçar involuntariamente a ansiedade. Tudo o que procura, encontra — e isso alimenta ainda mais o medo.
🧭 Como esta compreensão pode ajudar?
Perceber como o pânico funciona permite:
✅ Identificar as fases do ciclo e reconhecê-las no momento
✅ Reduzir o medo dos sintomas físicos e mentais
✅ Quebrar o ciclo vicioso com novas estratégias
✅ Recuperar confiança na sua capacidade de lidar com o pânico
👩⚕️ Uma nota da psicóloga
O pânico não é perigoso — mas pode ser extremamente desconfortável. A boa notícia é que, com apoio profissional e estratégias baseadas em evidência, é possível reduzir a frequência e intensidade dos ataques de pânico, recuperar o controlo e retomar a sua vida com mais leveza e segurança.
Se sente que os seus sintomas de pânico estão a interferir com o seu dia a dia, não hesite em procurar apoio psicológico.