Como se Formam os Esquemas Mal-Adaptativos Precoces?
Se já se perguntou porque reage de forma tão intensa a determinadas situações ou porque se sente preso(a) em padrões emocionais que se repetem — mesmo quando tenta evitá-los — a Terapia do Esquema pode ajudá-lo(a) a encontrar essas respostas.
No centro desta abordagem está o conceito de esquemas mal-adaptativos precoces. Estes esquemas são padrões emocionais e cognitivos que têm origem na infância ou adolescência e continuam a influenciar, de forma marcante, a vida adulta. São, em muitos casos, a raiz profunda de dificuldades como ansiedade crónica, depressão, relacionamentos disfuncionais, vícios ou baixa autoestima.
O que é, afinal, um esquema?
Na psicologia, um esquema é uma estrutura mental — uma espécie de "roteiro interno" — que nos ajuda a dar sentido ao mundo, às experiências e às relações. Todos desenvolvemos esquemas desde cedo, e nem todos são problemáticos. Por exemplo, ter um esquema sobre o funcionamento de um restaurante ajuda-nos a sentir-nos orientados mesmo num país desconhecido.
No entanto, alguns esquemas tornam-se disfuncionais — especialmente quando são construídos em contextos familiares marcados por carências, traumas ou dinâmicas emocionais perturbadoras. A esses chamamos esquemas mal-adaptativos precoces.
Como e por que se formam?
Os esquemas mal-adaptativos precoces desenvolvem-se quando necessidades emocionais fundamentais não são satisfeitas durante o crescimento. Estas necessidades incluem, por exemplo, segurança, amor, autonomia, limites saudáveis e validação emocional.
O ambiente familiar é geralmente o palco principal onde estes esquemas se formam. A criança é profundamente influenciada pelos pais ou cuidadores, e os padrões emocionais vividos em casa tornam-se a base de como irá ver a si própria, os outros e o mundo.
Existem quatro tipos principais de experiências precoces que podem dar origem a esquemas:
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Frustração tóxica das necessidades: quando a criança recebe "pouco de algo bom", como amor, apoio ou estabilidade.
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Exemplo: crescer num ambiente emocionalmente frio, sem carinho ou com negligência afectiva.
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Traumatização: quando a criança é exposta a dor, ameaça ou violência.
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Exemplo: abuso físico ou emocional, bullying intenso, exposição a violência doméstica.
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Excesso de algo bom: quando os pais protegem em demasia, não impõem limites ou satisfazem todos os desejos da criança.
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Exemplo: filhos superprotegidos ou mimados podem ter dificuldade em desenvolver autonomia e tolerância à frustração.
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Identificação com figuras significativas: quando a criança internaliza, de forma inconsciente, padrões emocionais ou comportamentais de cuidadores.
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Exemplo: uma criança cuja mãe é ansiosa e vê o mundo como perigoso pode crescer a ver o mundo da mesma forma, mesmo sem ter sido diretamente traumatizada.
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Além das experiências de vida, o temperamento da criança também influencia a formação dos esquemas. Crianças mais sensíveis, por exemplo, podem ser mais vulneráveis a desenvolver certos padrões, mesmo com experiências menos extremas.
Por que é que os esquemas persistem?
Uma das características mais marcantes dos esquemas é que eles tendem a manter-se ao longo do tempo, mesmo quando já não são úteis ou refletem a realidade atual.
Isto acontece porque:
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Procuramos consistência cognitiva: damos mais atenção a informações que confirmam os nossos esquemas e ignoramos ou desvalorizamos as que os contradizem.
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Agimos de forma a confirmar e perpetuar os nossos esquemas: escolhemos (sem consciência disso) situações ou pessoas que nos fazem sentir da mesma forma que nos sentíamos em criança — mesmo que isso nos magoe.
Assim, acabamos por recriar, na idade adulta, os mesmos ambientes emocionais prejudiciais da infância, mesmo tendo hoje liberdade para escolher e mudar. Este ciclo é profundamente frustrante e doloroso — mas pode ser transformado com a ajuda certa.
A diferença entre esquemas e comportamentos
É importante esclarecer que os esquemas não são comportamentos, embora influenciem fortemente a forma como agimos. Os comportamentos mal-adaptativos que muitos adultos apresentam (como evitamento, submissão, agressividade, etc.) são formas de lidar com os esquemas — tentativas de evitar dor emocional, mesmo que de forma ineficaz.
Na Terapia do Esquema, trabalhamos tanto os esquemas como os estilos de coping — ou seja, as estratégias que cada pessoa desenvolveu para sobreviver emocionalmente às suas feridas, mas que hoje já não lhe servem.
Que impacto têm os esquemas?
Os esquemas estão frequentemente na origem de sintomas persistentes e difíceis de tratar, como:
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Ansiedade
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Depressão
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Dependência emocional
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Perfeccionismo
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Autoexigência extrema
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Dificuldades nos relacionamentos
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Problemas de identidade e autoestima
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Comportamentos aditivos (álcool, comida, trabalho, etc.)
Cada esquema pode existir com diferentes níveis de intensidade e ser mais ou menos facilmente ativado, dependendo da história pessoal e da gravidade das experiências precoces. Quanto mais intensas e precoces forem essas vivências, mais enraizado e activado será o esquema.
Em resumo
Os esquemas mal-adaptativos precoces são como lentes invisíveis através das quais vemos o mundo, os outros e a nós próprios. Quando estas lentes estão distorcidas pelas feridas da infância, o sofrimento emocional tende a repetir-se em ciclos difíceis de quebrar.
A boa notícia é que os esquemas podem ser identificados, compreendidos e, acima de tudo, transformados. A Terapia do Esquema oferece uma abordagem profunda e compassiva para trabalhar com estas estruturas internas, permitindo que a pessoa reconstrua a relação consigo mesma, com os outros e com a sua história.
Se sente que está preso(a) em padrões emocionais repetitivos, saiba que isso tem uma explicação — e há um caminho possível para mudar. A Terapia do Esquema pode ser esse caminho.
Se quiser saber mais ou marcar uma primeira sessão, estou disponível para o(a) receber com empatia, profissionalismo e compromisso.
Com confiança no processo,
Isabel Monteiro
Psicóloga Clínica | Terapia do Esquema
931 464 845 | no Funchal ou Online | www.psicóloga.pt