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As Necessidades Emocionais Universais na Terapia do Esquema

21-08-2025

Na base de uma vida emocional saudável estão as nossas necessidades emocionais universais – um conceito central na Terapia do Esquema. Estas necessidades não são caprichos ou desejos passageiros. São fundamentais para o nosso bem-estar psicológico, e todos nós as partilhamos, independentemente da nossa história, personalidade ou cultura.

Como psicóloga, vejo diariamente o impacto que a frustração destas necessidades pode ter – sobretudo quando se verifica desde a infância. E é aqui que a abordagem terapêutica da Terapia do Esquema se destaca: ao procurar compreender como estas necessidades foram (ou não foram) satisfeitas no passado, e ao trabalhar ativamente para que possam, finalmente, começar a ser cuidadas no presente.

Quais são estas necessidades?

A Terapia do Esquema identifica um conjunto de necessidades emocionais universais, que são consideradas essenciais ao desenvolvimento psicológico saudável:

  • Necessidade de segurança, estabilidade, aceitação e carinho

  • Necessidade de autonomia, competência e identidade

  • Necessidade de expressão emocional e de necessidades próprias

  • Necessidade de espontaneidade, diversão e jogo

  • Necessidade de limites realistas e autocontrolo

Embora cada pessoa possa valorizar ou sentir mais intensamente certas necessidades do que outras – por exemplo, alguém pode ter um desejo maior por liberdade criativa, enquanto outra pessoa anseia por mais afeto e apoio – a verdade é que todos temos todas estas necessidades em algum grau.

A infância: o terreno onde tudo começa

Estas necessidades estão presentes desde os primeiros anos de vida. De facto, é na infância que são mais intensas e têm um papel mais determinante. Por exemplo, a necessidade de segurança ou de ser protegido tem uma importância vital num bebé ou numa criança pequena, que depende completamente dos adultos ao seu redor.

O que acontece quando estas necessidades não são satisfeitas de forma adequada? Na Terapia do Esquema, compreendemos que esquemas disfuncionais – padrões emocionais e cognitivos profundamente enraizados – se formam frequentemente como resposta à frustração destas necessidades. Estes esquemas continuam a afectar a forma como a pessoa pensa, sente e se comporta na vida adulta.

A missão da Terapia do Esquema

A principal missão da Terapia do Esquema é clara: ajudar os adultos a reconhecer e satisfazer as suas necessidades emocionais de forma mais saudável e adaptativa, especialmente quando estas não foram bem cuidadas no passado.

Este processo implica:

  • Compreender os esquemas e modos disfuncionais que se desenvolveram como forma de adaptação

  • Identificar as necessidades emocionais subjacentes que não foram satisfeitas

  • Desenvolver novas formas de responder a essas necessidades, com compaixão, estrutura e autenticidade

Porque falar de necessidades é tão importante?

Muitos dos meus pacientes partilham, com surpresa e até alívio, o impacto que teve para eles simplesmente compreender que o que sentem não é "demasiado", "infantil" ou "egoísta" – é humano. Na Terapia do Esquema, validamos estas necessidades como legítimas. Ter "necessidades" não é um defeito – é uma expressão da nossa humanidade.

Compreender isto pode ser, por si só, profundamente transformador. Saber que o objectivo da terapia é ajudá-lo a encontrar formas saudáveis de satisfazer essas necessidades – e não apagá-las ou julgá-las – abre caminho a um processo terapêutico mais compassivo e eficaz.

Um olhar integrativo

A Terapia do Esquema integra conceitos de outras abordagens terapêuticas, como a teoria do apego, as terapias focadas na emoção, e a psicologia do desenvolvimento. Por exemplo, sabemos através da teoria do apego (de Bowlby e Ainsworth) que relações seguras na infância são a base para a capacidade de nos regulamos emocionalmente, explorar o mundo, e criar ligações afectivas saudáveis mais tarde.

Ao contrário de algumas abordagens mais tradicionais da terapia cognitivo-comportamental (TCC), que tendem a evitar o foco nas necessidades emocionais, a Terapia do Esquema dá-lhes um lugar central. Não hierarquizamos as necessidades, nem colocamos umas como mais importantes que outras – todas são essenciais, especialmente na vida adulta.

Conclusão

Se sente que, de alguma forma, partes de si foram negligenciadas, invalidadas ou ignoradas ao longo da sua vida, saiba que isso tem nome, tem explicação – e tem solução. A Terapia do Esquema oferece um caminho profundo e estruturado para curar essas feridas antigas, satisfazer as suas necessidades de forma saudável, e construir uma vida emocionalmente mais rica, segura e plena.

Não se trata apenas de "pensar positivo" ou "gerir sintomas". Trata-se de reconhecer as suas necessidades emocionais, cuidar delas com respeito, e desenvolver relações – consigo próprio e com os outros – que sejam verdadeiramente nutritivas.

Se quiser saber mais sobre este processo ou explorar como a Terapia do Esquema pode ajudá-lo(a), estou ao dispor para o acompanhar neste caminho.

Com empatia e compromisso,
Isabel Monteiro

Psicóloga Clínica | Terapia do Esquema

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